Pular para o conteúdo principal

GEOPOLÍTICA DO PETRÓLEO

O Petróleo é mais do que uma commodity é um recurso estratégico. Este fato que faz com que os estados busquem garantir a segurança de seu suprimento e essa busca dá forma a geopolítica do petróleo (campo do conhecimento humano que alia  a geografia ao comportamento dos estados), instrumento com capacidade explicativa de diversos problemas atuais.

Neste tabuleiro é preciso destacar três atores: EUA, Rússia e China. Os EUA são um dos maiores importadores de petróleo, que já foi definido como o calcanhar de aquiles do império, sua atuação no suprimento seguro do recurso já ocasionou guerras dentre as quais a invasão do Iraque em 2003, e as relações hostis com o Irã. Em 2003, sem o aval da ONU, sob alegações mentirosas (Sadam Hussein e a posse de armas de destruição em massa) e unilateramente, os EUA invadiram o Iraque, o custo total dessa guerra é gigantesco quer em termos econômicos, quer humanitários. No fim da intervenção ficou claro que a intenção era provocar uma mudança de regime que não fosse tão avesso aos interesses americanos na região. Diversas empresas de petróleo se instalaram no Iraque para prospectar petróleo. As relações com o Irã também sempre contaram com um pano de fundo em que o petróleo iraniano era totalmente controlado pelos iranianos. A revolução iraniana de 1979 e o regime dos aiatolás que se instalou no pais não foi capaz de desfazer a animosidade. Hoje o Irã encontra-se sob sanções do ocidente, em virtude do seu projeto de produção nuclear.

Na América Latina, a Venezuela é a segunda maior reserva do mundo e após a ascensão de Hugo Chaves passou a trocar farpas uma vez que o governo venezuelano acusa os EUA de serem imperialistas e intervencionistas, porém o comércio do produto entre ambos segue sem quaisquer interrupções. O governo de Nicolas Maduro vem enfrentando fortes pressões internacionais e os EUA deram a entender que se a situação não retornar aos padrões de diálogo entre oposição e governo pode vir a sancionar a Venezuela pelo petróleo.

EUA e Europa atuam conjuntamente quando o assunto é petróleo. Na verdade as 7 irmãs, conjunto de companias transnacionais que dominaram o mercado de petróleo até a década de 1960 eram integradas por empresas norte-americanas e europeias. O sistema de atuação dessas empresas se dá por meio de atuação conjunta com empresas nacionais ou através do controle acionário da empresa.

A Rússia é a maior produtora de petróleo do mundo além de possuir a segunda maior reserva de gás natural do planeta. Do ponto de vista geográfico a localização russa entre dois continentes ( ásia e europa) a coloca em vantangem estratégica quanto ao acesso à mercados e ao desenvolvimento de parcerias estratégicas que visem garantir seu papel de potência mundial. Na Ásia Central a Rússi tem buscado se aliar com países como Azerbaijão, Cazaquistão e etc para o desenvolvimento de gasodutos. Outra parceria importante é com a China por meio da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) que visa a ser uma organização voltada para as discussões dos problemas de segurança regional, na prática permite estreitar as relações entre os países da região e com isso diminuir o potencial de influência dos EUA.  A Europa também possuí forte relação de dependência ao gás russo. Há informações de que Rússia tem investido na exploração do Ártico, região rica em gás e petróleo, através de moderníssimos submarinos de propulsão nuclear sabe se que o aquecimento global está levanto ao derretimento das geleiras polares, neste sentido a Rússia liderada pelo estrategista Vladimir Putin está tomando a frente para se firmar como uma potencia energética.

A China também tem fortes interesses em garantir o suprimento do recurso uma vez que depende dele para a manutenção de seu desenvolvimento. Sua expansão está sendo feita por empresas estatais que se projetam para o mundo todo, com mais intensidade para África, para assegurar a participação na exploração in loco. Alguns artigos que analisam esse movimento dão conta de que o padrão de internacionalização de empresas de recursos naturais na África se assemelha à um novo imperialismo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Escola Inglesa - Martin Wight e Hedley Bull - Clássicos de RI -Parte 1

Na década de 1950 alguns intelectuais ingleses se juntaram no Comitê Britânico com a finalidade de discutir uma teoria de política internacional que não se prendesse somente aos debates entre realismo e liberalismo. A ideia era formar um centro de  pensamento em relações internacionais próprio que espelhasse o entendimento britânico sobre a matéria. Para Hedley Bull o interesse nos estudos internacionais que ocorriam tanto nos EUA quanto na Inglaterra era o reflexo do papel de inserção internacional de um e o declínio de outra. Assim, em 1958, com o apoio da Fundação Rockefeller, reuniram - se historiadores, diplomatas, filósofos, jornalistas e economistas em torno desse centro e os trabalhos publicados por eles deu origem ao que se convencionou chamar de  Escola Inglesa de Relações Internacionais.           As principais contribuições dos estudiosos da Escola Inglesa para a teoria de relações internacionais foram a superação ...

Vinte anos de Crise - E.H Carr Clássicos de RI

Elegância de pensamento, inteligência, observação  rigorosa da realidade são atributos destacáveis desse homem que nasceu em 1892, formou-se em Cambridge em Estudos Clássicos, ingressou no serviço diplomático participando da conferencia de paz de Versalhes, atuando como professor de política internacional e publicando em 1939, no começo da II guerra mundial, seu livro mais conhecido: Vinte anos de crise. O propósito do livro de Edward Hallet Carr é contra-atacar o defeito, flagrante e perigoso, de todo pensamento, tanto acadêmico quanto popular, sobre política internacional nos países de língua inglesa de 1919 a 1939: o quase total esquecimento do fator poder. O capítulo primeiro trata do nascimento da ciência  política internacional. Em 1914, o estudo da política internacional estava em sua infância pois o período imediatamente anterior ( La belle époque) havia trazido um elemento de estabilidade que fez com que estudos na área caíssem em esquecimento. Segundo Engels...

A Escola Inglesa Martin Wight e Hedley Bull - Clássicos de RI - Parte 2

 Se Martin Wight foi o maior intelectual da escola inglesa de relações internacionais, Hedley Bull foi o seu maior discípulo. Nascido na Austrália em 1932, mas passando a maior parte de sua vida na Inglaterra onde participou das famosas conferencias ministradas por Martin Wight na London School of Economics, tendo  sido também professor de várias instituições vindo a falecer vitima de um câncer em 1985 com 53 anos de idade. Seu trabalho fundamental é o clássico "A Sociedade Anárquica: um estudo sobre a ordem internacional". Nesse estudo vemos a influência das idéias de Wight nas tipologias do pensamento internacional, o direito e a  sociedade internacional. Se, por um lado, há elementos que permitem sentir a importância do mestre no discípulo, por outro, temos que este superou o seu mentor na abrangência e na densidade do estudo da ordem internacional e creio que esse será o seu maior legado para os estudos de RI. Ao analisar a ordem internacional Hedley Bull...