Paz e guerra entre as nações não é um livro para ser lido, é uma obra para ser estudada. Em suas quase mil paginas repletas de análises profundas sobre os acontecimentos da diplomacia estratégica o autor traça um conjunto de conhecimentos que servem de referencia para todos aqueles que desejam compreender RI sem se basear em mitos, em abstrações, rumores e/ou caricaturas.
Raymond Aron nasceu na Franca em 1905, formado em filosofia pela École Normale Superieure, uma das mais prestigiadas instituições de ensino à época, após um breve período na Alemanha retorna para concluir o seu doutorado em Filosofia da Historia. Durante a II guerra mundial se muda para a Inglaterra. De volta a Paris dedica-se ao jornalismo e passa a colaborar com diversas publicações. Durante a década de 50 é convidado para lecionar em diversas universidades estrangeiras e rascunha Paz e Guerra entre as nações em 1960, na década seguinte teve forte participação na política francesa ao lado de François Mitterand e jubilou-se em 1978 ensinando no College de France, morre em 1983.
A obra
Paz e guerra se divide em quatro níveis conceituais de compreensão: teoria, sociologia, historia e praxiologia ( metodologia que visa compreender como o homem age para atingir seus objetivos).
A primeira parte vai conceituar os atores das relações internacionais, as unidades políticas, o sistema internacional (bipolar, pluripolar, homogêneo, heterogêneo), as relações de paz e guerra, os tipos de paz (equilíbrio, hegemonia, império), o sistemas internacionais e as possíveis configurações de poder.
A segunda parte procura as determinantes e regularidades do campo de estudo de uma perspectiva sociológica o meio geográfico, a quantidade numérica de habitantes dos estados, os recursos, doutrinas econômicas (mercantilismo, economia nacional, liberalismo e socialismo), nações e regimes.
Na parte seguinte o estudioso se debruça sobre a historia e tenta por meio dela responder as questões da contemporaneidade como o sistema universal termonuclear, sua heterogeneidade e letalidade.
A dissuasão, a persuasão e a subversão.
Na última parte analisa as antinomias da ação diplomático estratégica, a sua dimensão teórica e prática. A antinomia inerente a toda ação estatal é que eles, na maior parte da história se valeram da violência para se impor, embora almejem a paz.
Ensinamentos
Não adianta tentarmos extrair das relações internacionais, ensinamentos universais, aplicáveis a todos os momentos e a todos os atores indistintamente, Aron, mostra que tudo muda e o único entendimento possível de uma determinada ação só pode ser compreendido no estudo da conjuntura específica e nas opções dos tomadores de decisão.
Sobre as raízes da guerra como instituição, conclui-se que, o homem é um animal agressivo, mas não luta por instinto; a guerra é uma expressão da coletividade humana, mas não é necessária, embora tenha ocorrido constantemente desde que as sociedades se organizaram e se armaram. A natureza do homem não permite que a violência seja afastada definitivamente; em todas as coletividades os desajustados violarão a lei e atacarão as pessoas. O desaparecimento dos conflitos entre indivíduos e entre grupos é contrário a sua natureza. Mas não está provado que os conflitos devem se manifestar sobre forma de guerra, tal como conhecemos há milhares de anos - com o combate organizado e o uso de instrumentos de destruição cada vez mais eficazes. A dificuldade em manter a paz está mais relacionada à humanidade do homem do que sua animalidade. O rato que levou uma surra sujeita-se ao mais forte e a resultante de domínio é estável; o lobo que se rende, oferecendo a garganta, é poupado, o homem é o único ser capaz de preferir a revolta a humilhação e a verdade à vida. Por isso a hierarquia dos senhores e dos escravos nunca pode ser estável.
Os estados nacionais, ainda que plenamente estruturados, não são necessariamente pacíficos, agindo movidos pelo orgulho podem promover políticas imperialistas.
Sobre o caráter pacífico da economia, pode-se concluir que, nem uma economia de mercado, nem uma economia centralizada são em si pacíficas, a economia não diz nada a respeito da paz.
Embora se tenda a compreender o Estado como um indivíduo, ele é o conjunto de interesses diversos que o patrocinam, convém entendende-los.
Uma pequena crítica ao monumental Paz e Guerra é que no afã de ser científico, Aron escreve mil páginas que se mais concisas permitiriam uma leitura mais rápida e maior absorção dos conceitos que pretende explicar.
Os estados nacionais, ainda que plenamente estruturados, não são necessariamente pacíficos, agindo movidos pelo orgulho podem promover políticas imperialistas.
Sobre o caráter pacífico da economia, pode-se concluir que, nem uma economia de mercado, nem uma economia centralizada são em si pacíficas, a economia não diz nada a respeito da paz.
Embora se tenda a compreender o Estado como um indivíduo, ele é o conjunto de interesses diversos que o patrocinam, convém entendende-los.
Uma pequena crítica ao monumental Paz e Guerra é que no afã de ser científico, Aron escreve mil páginas que se mais concisas permitiriam uma leitura mais rápida e maior absorção dos conceitos que pretende explicar.
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