Resenha:A doutrina do Choque de Naomi Klein
Este texo tem a finalidade de debuxar os dois primeiros capítulos do livro Doutrina do Choque da jornalista canadense Naomi Klein lançado em 2007.
o Laboratório do Choque
No capítulo 1 Naomi Klein relata o interesse da CIA no projeto psiquiátrico desenvolvido na Universidade McGill no Canadá.As pesquisas desenvolvidas na Universidade McGill buscavam apresentar provas científicas dos benefícios do eletro choque na cura de pacientes que apresentavam distúrbios psíquicos.
Os resultados da pesquisa foram desastrosos pois acarretaram efeitos colaterais nas pessoas que foram submetidas ao tratamento.No entanto,o responsável pelo projeto o renomado Dr.Ewen Cameron a partir de publicações em revistas da área despertou as atenções da CIA - o orgão central de inteligência Norte America - que passou a financiar os estudos do Dr.Cameron.
A lógica que motivou as investidas da CIA na área da psiquiatria do choque partia da pressuposição do Dr.Cameron de que o problema da esquizofrenia e correlatos só podiam ser solucionados na medida em que a pessoa regredisse ao estágio anterior a aparição do distúrbio.Para tanto,O método utilizado nesta "volta aos primórdios"era o eletro choque.
Ocorre que na prática,à aplicação do método do eletro choque,somavam-se outras formas de forçar as barreiras da psicologia humana,como por exemplo:a sedação por drogas(LSD,metadona),indução do sono via medicamentosa e a perda temporária das noções de espaço e tempo através do isolamento do paciente.O que se constatou na prática,contudo,foi a infantilização comportamental,os tratados adquiriam comportamentos infantis e desarrazoados.O fato era que a mente das pessoas estavam sendo apagadas.
A alegação da CIA era a de que se constatada a hipótese do Dr.Cameron,isto é,fosse possível apagar a mente das pessoas os EUA poderia treinar os seus soldados-que á época haviam dado informações à governos hostis em virtude da tortura- para que se defendessem de qualquer prática inimiga no sentido de obter Informações via violência física.
À CIA como financiadora do projeto foram feitos diversos manuais de como obter informações através da tortura,na qual o eletro choque era um mero adicional,daí em diante sempre houve necessidade os ensinamentos do Dr.Ewen Cameron foram postos em prática e quando necessário ensinado à outros países em cujo bojo encontravam-se defensores de posições contrárias aos interesses dos Norte Americanos.
Em síntese,os métodos de Dr.Ewen Cameron foram usados pela CIA em muitas ocasiões posteriores,sobretudo,no período de bipolarização ideológica que se caracterizou a Guerra Fria.Até hoje a CIA é vista como uma instituição que usa a tortura para obter informações.
O outro doutor do choque
O segundo capítulo,discorre sobre a radicalização do pensamento econômico liberal de Milton Friedman e a transmissão desta doutrina para regiões estratégicas,mas sobretudo,para a América Latina,historicamente caracterizada como esfera de influência norte-americana.
Insere-se no contexto da Guerra Fria em que as idéias propostas pelo economista inglês John Maynard Keynes haviam sido implantadas para retirar o mundo da crise de 29 mas que nos anos 50,começavam a ser criticadas pela restrição que causavam aos interesses da iniciativa privada.
Toda esta contestação liberal ao keynesianismo,ao estado de bem estar social ou ao desenvolvimentismo(vertente austral da teoria de Keynes)se dava dentro da Universidade de Chicago e era encabeçada pelo economista Milton Friedman.
A despeito da não aplicabilidade prática do Laissez-faire,em virtude,da desigualdade entre os países além de outras condicionalidades a escola de Chicago contava com importante apoio dos setores produtivos.
O esforço para criar um mundo mais aconchegante ao capital,bem como para fazer frente à ameaça ideológica fez com que os interesses econômicos se transvestissem em polítcas de intercâmbio e bolsas de estudo para os EUA,mais especificamente,para a Escola de Chicago.
O exemplo sintomático na américa latina é o chile que exportou um número significativo de pessoas para receberem educação liberal nos moldes de Frieldman e Hayek e retornaram ao seus países para se tornarem assessores econômicos em cargos de importância na região.
Muito embora as tentativas não tenham sido de todo inócuas já que o Chile- pelos esforços dos garotos de Chicago- se tornou um exemplo de políticas neoliberais,este país foi palco da opção popular de uma vertente voltada mais ao desenvolvimentismo do que a ortodoxia da mão invisível de mercado.De modo que,a eleição do governo de Salvador Allende foi um duro golpe nas pretensões geopolíticas dos EUA para a América latina.É necessário lembrar que,em grau menos acentuado,estas opções políticas começam a se repetir no Brasil e na Argentina.Visando conter este estado de coisas o governo americano decide implantar ditaduras militares que se coadunassem com suas instruções econômicas.
Assim,o choque foi aplicado pelas vias econômicas,para a obtenção de uma finalidade política e,como tal,se constituiu,numa intervenção à soberania dos demais países da América latina.
Este texo tem a finalidade de debuxar os dois primeiros capítulos do livro Doutrina do Choque da jornalista canadense Naomi Klein lançado em 2007.
o Laboratório do Choque
No capítulo 1 Naomi Klein relata o interesse da CIA no projeto psiquiátrico desenvolvido na Universidade McGill no Canadá.As pesquisas desenvolvidas na Universidade McGill buscavam apresentar provas científicas dos benefícios do eletro choque na cura de pacientes que apresentavam distúrbios psíquicos.
Os resultados da pesquisa foram desastrosos pois acarretaram efeitos colaterais nas pessoas que foram submetidas ao tratamento.No entanto,o responsável pelo projeto o renomado Dr.Ewen Cameron a partir de publicações em revistas da área despertou as atenções da CIA - o orgão central de inteligência Norte America - que passou a financiar os estudos do Dr.Cameron.
A lógica que motivou as investidas da CIA na área da psiquiatria do choque partia da pressuposição do Dr.Cameron de que o problema da esquizofrenia e correlatos só podiam ser solucionados na medida em que a pessoa regredisse ao estágio anterior a aparição do distúrbio.Para tanto,O método utilizado nesta "volta aos primórdios"era o eletro choque.
Ocorre que na prática,à aplicação do método do eletro choque,somavam-se outras formas de forçar as barreiras da psicologia humana,como por exemplo:a sedação por drogas(LSD,metadona),indução do sono via medicamentosa e a perda temporária das noções de espaço e tempo através do isolamento do paciente.O que se constatou na prática,contudo,foi a infantilização comportamental,os tratados adquiriam comportamentos infantis e desarrazoados.O fato era que a mente das pessoas estavam sendo apagadas.
A alegação da CIA era a de que se constatada a hipótese do Dr.Cameron,isto é,fosse possível apagar a mente das pessoas os EUA poderia treinar os seus soldados-que á época haviam dado informações à governos hostis em virtude da tortura- para que se defendessem de qualquer prática inimiga no sentido de obter Informações via violência física.
À CIA como financiadora do projeto foram feitos diversos manuais de como obter informações através da tortura,na qual o eletro choque era um mero adicional,daí em diante sempre houve necessidade os ensinamentos do Dr.Ewen Cameron foram postos em prática e quando necessário ensinado à outros países em cujo bojo encontravam-se defensores de posições contrárias aos interesses dos Norte Americanos.
Em síntese,os métodos de Dr.Ewen Cameron foram usados pela CIA em muitas ocasiões posteriores,sobretudo,no período de bipolarização ideológica que se caracterizou a Guerra Fria.Até hoje a CIA é vista como uma instituição que usa a tortura para obter informações.
O outro doutor do choque
O segundo capítulo,discorre sobre a radicalização do pensamento econômico liberal de Milton Friedman e a transmissão desta doutrina para regiões estratégicas,mas sobretudo,para a América Latina,historicamente caracterizada como esfera de influência norte-americana.
Insere-se no contexto da Guerra Fria em que as idéias propostas pelo economista inglês John Maynard Keynes haviam sido implantadas para retirar o mundo da crise de 29 mas que nos anos 50,começavam a ser criticadas pela restrição que causavam aos interesses da iniciativa privada.
Toda esta contestação liberal ao keynesianismo,ao estado de bem estar social ou ao desenvolvimentismo(vertente austral da teoria de Keynes)se dava dentro da Universidade de Chicago e era encabeçada pelo economista Milton Friedman.
A despeito da não aplicabilidade prática do Laissez-faire,em virtude,da desigualdade entre os países além de outras condicionalidades a escola de Chicago contava com importante apoio dos setores produtivos.
O esforço para criar um mundo mais aconchegante ao capital,bem como para fazer frente à ameaça ideológica fez com que os interesses econômicos se transvestissem em polítcas de intercâmbio e bolsas de estudo para os EUA,mais especificamente,para a Escola de Chicago.
O exemplo sintomático na américa latina é o chile que exportou um número significativo de pessoas para receberem educação liberal nos moldes de Frieldman e Hayek e retornaram ao seus países para se tornarem assessores econômicos em cargos de importância na região.
Muito embora as tentativas não tenham sido de todo inócuas já que o Chile- pelos esforços dos garotos de Chicago- se tornou um exemplo de políticas neoliberais,este país foi palco da opção popular de uma vertente voltada mais ao desenvolvimentismo do que a ortodoxia da mão invisível de mercado.De modo que,a eleição do governo de Salvador Allende foi um duro golpe nas pretensões geopolíticas dos EUA para a América latina.É necessário lembrar que,em grau menos acentuado,estas opções políticas começam a se repetir no Brasil e na Argentina.Visando conter este estado de coisas o governo americano decide implantar ditaduras militares que se coadunassem com suas instruções econômicas.
Assim,o choque foi aplicado pelas vias econômicas,para a obtenção de uma finalidade política e,como tal,se constituiu,numa intervenção à soberania dos demais países da América latina.
Muitoooo bommmm....
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